Caminho das Índias

Demorei muito tempo a conseguir escrever sobre a Índia. 
A viagem já foi há 2 anos e só agora consigo transpor em palavras tudo o que lá vivi, só agora com o devido distanciamento, consigo perceber quanto a experiência foi enriquecedora, gratificante, um verdadeiro choque cultural e social, que permite colocar a realidade e a nossa vida em perspectiva. 
Foram 17 dias a viajar por um país que em nada se assemelha a Portugal, onde a religião e as mais variadas crenças, assumem um papel preponderante e auspicioso no dia-a-dia, onde a gastronomia é um cocktail de cores, texturas, odores e sabores que se entranham na pele e no palato. Onde as gentes nos olham num misto de surpresa e desejo, se comportam de forma pouco ortodoxa aos olhos de um europeu e se vestem de cores garridas a contrastar com o seu olhar triste.
Para mim e para a Rita a viagem à Índia era um desejo antigo, as expectativas eram muito altas e tivemos a sorte de poder preparar a viagem com a ajuda de uns amigos indianos. Não sei se hoje a teríamos planeado nos mesmos moldes. No entanto, como confio nas leis do Universo, acredito que tudo tenha acontecido no alinhamento previsto.
Felizmente, não tivemos nenhum incidente e, apesar de as viagens internas de avião terem sofrido várias alterações de horários, que nos condicionaram as visitas pontuais a alguns lugares, no geral correu tudo pelo melhor.
É um verdadeiro país de contrastes, soberbo e arrepiante nos locais místicos, bem cuidados por serem turísticos, mas empobrecido e sujo nas ruas e vielas que os circundam. Não me chocou, confesso. Já contava com isso. 
Há milhões de pessoas a circular a toda a hora, as estradas com duas vias, dão para cinco faixas de carros, tuc-tucs, motas, transportes públicos, pessoas e as sagradas vacas. Que invariavelmente, se encontram em todo o lado. 
É vital chegar e viver a Índia de espírito aberto, despido de ideias pré-concebidas sobre a realidade do país e deixar-se absorver pelo quotidiano peculiar de cada lugar, perceber a espiritualidade dos pequenos rituais, sentir o silêncio em cada templo, degustar cada estranho e novo sabor. É preciso "ler" e "entender" cada pessoa e cada lugar, perspectiva-los na sua história e aceitar a sua cultura. 
Foram dias intensos, com todos os sentidos apurados e em alerta. Há muito movimento, cor, cheiros, há diversidade e diferença a cada passo, uma ambiguidade de sentimentos entre um amo e odeio a cada descoberta...
Quero muito voltar, há ainda muito mais para ver, para descobrir, para sentir. 
Trago a Índia no coração, na alma, na vida!
Namasté! 




















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